terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Bem-vindo ao meu pesadelo

Rezo toda noite para que a vida tome um novo rumo, para que as coisas mudem, mas ao levantar da cama entro em clima de rotina, é praticamente um deja-vu que me entristece. O café amargo, o almoço sem vida, o rosto pálido no espelho, me assusto ao ver como minha vida decaiu, não acho mais o sorriso que a tanto sustentava, este se foi, se perdeu numa esquina qualquer, volta e meia faz uma visita rápida e depois some.
Quando penso que nada pior pode acontecer, o mundo desaba, o céu se fecha. As noites são sempre frias, solitárias e chuvosas por mais quentes e áridas que aos outros elas pareçam. Deito para dormir e o mesmo pesadelo me persegue, acordo banhado em suor, a rotina se inicia, o café amargo, o rosto pálido, o almoço sem vida, a música triste que toca no silêncio do meu quarto. Tento achar motivos para não por fim a própria vida, nada me vem nada a cabeça. Respiro fundo, corto os pulsos em pensamento, fumo um cigarro imaginário e vou outra vez rumo ao trabalho.
Vejo rostos sorridentes a minha volta, o que parece me deixar ainda mais infeliz, por que não sou como os outros? Por que não sorrio mais sem motivo? Lembro que já fui assim e me perdi, é difícil explicar. Pela janela do ônibus vejo a vida passar, um mundo cinza e sem alegria, iluminado por fracas lampadas em postes envelhecidos pela chuva. É a vida que se esvai pelos dedos, sem rumo e sem motivo de existir, imensurável quantidade de lágrimas lavam meu rosto, pego no sono e o pesadelo recomeça.