sábado, 16 de novembro de 2013

Triste sorriso

Ele foi feliz, era um sorriso ambulante, nunca o viram triste, nunca o viram para baixo, nunca o viram, eis a verdade. Ele era triste, sustentava um sorriso forçado ao conversar com alguém, sempre tentava transparecer felicidade, sempre de cabeça erguida, sempre fingindo.
Cansou de sua mascara, mas ela enganava a todos, eles estavam acostumados, ninguém quer saber de pessoas tristes a sua volta, fingindo ele era aceito. Sorriu em frente ao espelho, disse em voz baixa "Você é especial", nunca ninguém tinha dito isso a ele sem usar de ironia, só o lembravam na hora de quebrar um galho, só quando precisavam de um favor. O bônus pelo trabalho, a gratificação e o reconhecimento sempre foram para outros, não que, muitas vezes, eles fizessem mesmo por merecer.
A noite, sozinho, chorava ao travesseiro, escrevia no velho diário manchado pelas lágrimas e se afogava em um café amargo. Queria cortar os pulsos, queria se enforcar, queria se atirar pela janela do último andar, queria mil coisas e não realizava nenhuma. Pôs-se então a reviver bons momentos na busca incessante de esquecer o quão amargurada e terrível sua vida era. Sorriu e assumiu que o melhor que tinha a fazer era continuar, sem parar, escondendo o 'eu verdadeiro', mostrando apenas o que todos queriam ver, o que todos queriam que ele fosse e assim foi.