terça-feira, 17 de setembro de 2013

Decepções de se amar um anjo

Olhos azuis, pele branca, cabelos dourados, ondulados, moldados ao vento. Sinto seu cheiro, seu perfume suave, sua voz firme, seu jeitinho de me enlouquecer sem esforço. Morde os lábios enquanto pensa, imaginasse no futuro, é tão inteligente, quero você hoje e sempre, seja minha.
Quando te vi a primeira vez quis ser seu amigo, queria me aproximar, mas tive medo, não sei, rejeitado quem sabe eu seria. Um dia nossos olhos se cruzaram sem querer te deixando vermelha, soltei um 'Oi' sem graça e fui bem correspondido, corei. Crescia meu ciclo de amizades, cada vez mais perto de ti, meu coração acelerava só com a possibilidade de lhe ter bem perto e como eu queria, ficava em êxtase ao te ver chegar. Certo dia a oportunidade surgiu, te vi conversando com uma amiga minha e a fui cumprimentar, você sorriu ao me ver e lhe dei um beijo no rosto ao sermos apresentados. O melhor dia da minha vida, agora te conheço oficialmente.


Como me sinto bobo amando assim, entretanto, gosto disso, o amor de antigamente, a enrolação para pegar na mão, para dar o primeiro beijo e afins. Sou de antigamente. A partir daquele momento, todo santo dia, lhe dei flores dizendo "Para a garota mais bela que já conheci", no começo senti sua estranheza, porém depois de algum tempo tu me presenteava com um sorriso belo e radiante.
Passei mal ao te ver com outro rapaz, dando a ele o sorriso que eu amava e os beijos que desejei. Praguejei, amaldiçoei aos céus e me perguntava sem parar o que ele tinha que eu não. Sofri. Sofri. Sofri, todavia, superei, porque apesar de tudo amar não é só tudo aquilo que eu tinha, aprendi que amar também é libertar, amar é deixar partir, amar é também, se valorizar. Te amei como pude, te deixei e hoje sou feliz.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Viver por viver

Acordou cedo como todos os dias, espreitou o sol pela persiana do quarto, acendeu um cigarro e teve o incontrolável desejo de tomar café, desceu então as escadas que rangiam a cada degrau. Na clara cozinha uma garrafa térmica vazia; Com gestos lentos deu um último trago antes da piteira, ligou uma boca do fogão, colocou a chaleira d'água sobre ela e acendeu mais um cigarro enquanto esperava.
Posto sobre o tapete da porta de entrada o seu jornal de domingo, folheou-o, só notícias ruins igual de costume, como diria seu pai "Se torcer sai sangue desse negócio", um leve sorriso lhe veio aos lábios ao lembrar seu 'velho'. Alguns minutos depois, chaleira apitou, interrompendo seus pensamentos. O sol sumiu, o tempo fechava aos poucos enquanto a água quente corria pelo coador. Sentou-se de frente a janela para apreciar a vida fora de sua casa. Tomava o café forte que acabara de fazer achando que nada de melhor podia acontecer em sua vida que se mostrava tão cinza, tão rasa e sem surpresas depois que sua esposa o deixou, disse ela que queria desafios e foi busca-los. Estava certa, não a culpava.
No fundo sentia vontade de fazer o mesmo, entretanto, deixou-se acomodar numa rotina de solidão que não lhe deixa imergir e respirar o ar da superfície. Desistiu da felicidade, desistiu do sentir, levava por levar, sorria por sorrir, beijava por beijar, amava sem amar. Triste história, triste ciclo, triste fim.